domingo, 24 de abril de 2011

Hoje, nesse dia de sol, anseio pelo eterno, pela constancia. Queria que todos os dias fossem assim: nao o sol a primavera ou o lugar, necessariamente. Queria que todos os dias eu pudesse sentir essa calma, e achar que ao fim e ao cabo todos (ou muitos) podemos ser mais ou menos felizes. Nao aquela felicidade euforica mas serenidade, saciedade de tudo, de vida. Aqueles momentos onde tudo parece estar onde deveria estar: quando as folhas nao se mexem nas arvores (ainda que estejam a balancar) e o mundo parece caber em nosso coracao.

Faz pouco mais de um ano que moro nos Estados Unidos, que falo ingles a maior parte do dia, e as vezes me parece mais facil usar palavras em Ingles. Mas me pergunto se as compreendo de fato, se consigo "grasp" seu significado mais amplo ou se nao estou a criar um outro idioma, palavras que adquirem significados para mim, sem neu eu saber porque.

Hoje eh domingo e li a coluna do Daniel Piza. Imagino a coluna em papel, que agora soh posso ler pela internet. Deveria estar (e estou) feliz por poder faze-lo: antes dessa era digital nao poderia fazer parte dessa minha vida, de um domingo de sol em Washington, DC. E agora faz. Pela primeira vez desde que cheguei por aqui procurei um jornal do Brasil sem motivo, soh para saber como as coisas vao. E me pergunto se isso, agora, faz de mim mais adaptada, a ponto de poder retomar rotinas deixadas pra tras...

Em todo caso, faz pouco estava lendo a coluna do Daniel Piza. Ele fala de um livro de Tzvetan Todorov, alguem de quem nunca ouvi falar. O livro, Aventureiros do Absoluto, parece promissor. Mas confesso que preciso ler a coluna novamente - ou talvez, depois de ler o livro. No momento nao posso dizer que tenha realmente entendido... sofrimento, criatividade...sempre tive a impressao de que de alguma forma andam juntos...mas talvez seja soh a perda da inocencia que seja necessaria ou, que ainda que se necessite do sofrimento, a esperanca e os lampejos de felicidade sejam a forca motriz dessa criatividade inerente, pulsante.... Preciso ler o livro de Todorov... e tantos outros tambem.

Daniel Piza hoje tambem falou desses momentos eternos a que eu me referia, que eu senti hoje. Dai minha surpresa ao ler sua coluna, ao ver ali descrito esse sentimento...

" Escrevo este texto num chalé de amigos em Campos do Jordão, com vista para a Pedra do Baú, enquanto minha mulher e filhos dormem. Estou onde estou, e o encanto da paisagem e a energia do amor mais do que me bastam. A beleza não salvará o mundo porque seu valor não está em propor salvações. A partir daí, e com mais pessoas pensando assim, o mundo fica bem menos feio."

Queria agora estar em Campos e ao mesmo tempo me sinto como se estivesse . Sem vista do Bau... mas finalmente em casa.




(Re) comeco

Eis aqui novamente meu primeiro (e unico) post, herdado da minha primeira tentativa. Bom, talvez nao a primeira, mas a primeira que rendeu algum fruto. O texto ainda vale, a menos do fim de tarde de um dia exaustivo: , meio do dia de um domingo, hoje. Domingo de pascoa, depois de alguma necessaria faxina, num dia de sol quente, primavera. Os ventos sao promissores novamente. Que continuem a soprar.
Valeria

"Hoje iniciei meu blog. Assim meio de sopetão, sem pensar muito.
Eu que ensaiei por tanto tempo esse começo...achando que haveria um momento solene, uma certeza absoluta...que nada, foi meio assim...fim de tarde de um dia exaustivo. Glamour nenhum.
É engraçado como tantos momentos importantes acontecem assim, meio sem querer. Espero que este seja um desses. Os ventos são promissores.
Valéria"
E eu, que nem lembrava mais do meu blog...onde estava, perdido em algum lugar...onde mesmo?
Tantas sao as palavras na minha mente e tanta eh a reserva, reticencia (fora o medo dos erros de portugues) de coloca-las no papel (papel?)...achei que com o blog seria mais facil, e de alguma forma o eh: nao preciso fazer o esforco (em geral mal sucedido) de uma escrita legivel: tao mais facil digitar...quem sabe acompanha a velocidade do meu pensamento!
Comecei esse blog em 2009 e depois me esqueci dele. Queria ter comecado em 79 (ou foi 80), quando escrevi meu primeiro conto...ou quem sabe no colegial - 15 anos e meu padrinho, ao ler meus textos, nao me acreditou autora: nao eh possivel, isso eh texto de adulto, de gente velha como eu e olhe lah...Eh, eu jah era velha, nasci velha, na verdade. A ironia eh que nao envelheci muito depois disso: ainda sou aquela mesma menina de 5 anos (ou 15) e segundo meu pai, aos 82 (como ele) ainda serei, ainda seremos todos.